O BERRO QUE O GATO DEU


Fico pensando que ao adotar um animalzinho, uma câmera secreta fosse instalada na nossa casa para acompanhar o desenvolvimento dos bichinhos, acredito que minha mãe e eu seriamos pauta no departamento de analise de adotantes, e que Luisa Mel já teria baixado aqui em casa. 

Há três meses adotamos essa dupla de gatos. Eles são irmãos e chegaram até a gente com um mês de idade. Não sei se você sabe, mas gato filhote tem uma energia surreal. Eles são, de fato, crianças e muito atentados. Correm, pulam, se escondem, não poupam as artes e nem tampouco a nossa pele, já que por vezes escalam nossas pernas com as unhas, como se fossemos a prova de dor.


Muito que bem! Por nossa inexperiência de lidar com gatos filhotes, passamos por alguns momentos em que por pouco não cometemos homicídio felino indesejado. Os gatos chegaram em casa medindo uns 15 centímetros mais ou menos, muito pequenininhos e miando baixinho, baixinho.

Na primeira semana, o primeiro susto. Enquanto eu pegava algo para comer  antes de sair para o trabalho, por volta das 7h30, percebi algo errado quando Chico, o irmão frajolinha de Bento - o gatinho branco com manchinhas marrons desbotadas -, começou a miar alto e desesperado. Pensei que talvez Bento estivesse embaixo da geladeira, já que seu tamanho minúsculo lhe permitia esses acessos. Parei meu café, puxei a geladeira, ajoelhei, olhei por baixo, atrás, tudo. Nada do filhote. Quanto mais demorava, mais Chico e Bento miavam com urgência. 

Levantei um lado da geladeira pensando que talvez ele tivesse preso, sem conseguir sair. Nada! Esforço em vão. Sentei, continuei meu café com o pensando "Uma hora ele vai sair, se conseguiu entrar, consegue sair". Mas o desespero de Chico não deixou eu encher meu buchinho em paz. Estava me sentindo a própria dona Chica admirada com o "Berro que o gato deu". Levantei e continuei a busca. Já tava ficando atrasada. Andei de "gatão"  em todo o espaço com a esperança de encontrá-lo debaixo de algum armário. Nada. Chegou a hora que eu tinha que sair pra trabalhar e decidi que ia ligar pra minha mãe e avisar a ela pra procurar quando chegasse. Quando abri a geladeira para guardar o queijo do café, lá estava Bento, cosplay de Olaf, branco igual neve e geladinho. Salvo por um queijo minas.

O segundo quase homicídio aconteceu há alguns dias quando minha mãe foi colocar o lixo pra fora. Enquanto tirava o lixo do banheiro, os dois (sim, prq aonde a vaca vai, o boi vai atrás) decidiram que era uma boa ideia entrar dentro do saco preto de lixo. 

Minha mãe terminou de pegar o lixo, fechou o saco com os dois lá dentro e partiu por o lixo na rua de forma bem apressada. O caminhão do lixo apontava na esquina, ela prestes a atravessar a rua quando ouviu miado e o saco se mexendo. 

Os filhotes de mãe Lucinda foram salvos por segundos. Se eles não miam, o rapaz que recolhe os lixos tinha pegado o saco e colocado dentro do caminhão. Não sei se você sabe mas no caminhão existe um mecanismo que vai triturando todos os sacos, e esse final não seria nada feliz. 

Ter gato é uma diversão diária, todo dia uma nova pérola para contar. É também um sufoco quando somem dentro de casa ou quando ficam curiosos pra saber o que tem na rua e tentam sair a todo custo. O negócio é redobrar a atenção para não congelar e nem colocá-los no lixo. 


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